Os donos do mundo


Regimes nascem e caem como peças de um jogo cruel. A cada novo governo, um velho discurso disfarçado de esperança. A cada bandeira erguida, uma multidão ferida. A guerra continua, mesmo quando parece que a paz venceu. Não há glória em nenhuma delas. Só corpos no chão, famílias partidas, crianças com fome e medo.

Os líderes seguem em segurança, blindados em seus carros, protegidos por palavras vazias e interesses próprios. Dizem agir pelo povo, mas a verdade é que agem pelo poder. A paixão deles nunca foi por justiça, e sim por controle. Não há amor à pátria, só amor ao domínio.

Vivemos a era do avanço tecnológico absurdo. Máquinas que pensam, diagnósticos instantâneos, ferramentas que poderiam mudar o mundo. Mas o básico continua ausente. Ainda há fome, ainda há miséria, ainda há gente sendo tratada como descartável. Já poderíamos ter superado tanto. Já deveríamos.

Enquanto isso, os ídolos são vazios. Celebramos quem grita mais alto, quem mostra mais, quem se expõe sem ter nada a dizer. A cultura se esvazia. Os políticos, por sua vez, evoluíram para pior. São versões mais frias, cínicas e perigosas do que já conhecíamos. Representam o que há de mais baixo na espécie humana.

Mesmo assim, há torcida. Há seguidores fervorosos para cada um desses personagens. Gente que defende hipócritas, preconceituosos, gananciosos e doentes. Gente que escolhe o seu e se recusa a ver o estrago.

Então escolha o seu. Defenda. Aplauda. Mas durma com a sua consciência. Porque a culpa, você vai carregar. Vai estar no olhar dos seus filhos. São eles que herdarão o que deixarmos. E se continuarmos assim, o que virá será um mundo seco, doente e insustentável. Um mundo em que talvez nem consigam sobreviver.

Ainda dá tempo? Talvez. Mas só se deixarmos de fingir que não temos parte nisso. Só se trocarmos a torcida pela coragem. Porque enquanto a verdade for ignorada e o poder continuar mais importante do que a vida, nada muda. Só piora.

E o fim será sempre o mesmo: destruição.

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